A ansiedade para crescer e a angústia de estar crescendo ✧

Desde que me entendo por gente nunca gostei de crescer. Nunca gostei da sensação de responsabilidades e muito menos de ouvir “você já está grandinha demais pra isso”. Lembro do dia em que fui almoçar e percebi que minha mãe não havia cortado minha carne (era algo que ela sempre fez pra mim porque não gostava que eu manuseasse facas). E quando a questionei sobre isso ela me respondeu:

“Você já está grandinha o suficiente para cortar sua própria comida, não acha?”

Por mais ridículo que pareça foi nesse momento que senti o baque de estar crescendo.

Eu cortei minha carne, a empurrei para dentro do meu corpo forçando-a pela garganta que já havia se fechado devido ao nó que se formava, e fui para o banheiro chorar. A partir daquele dia eu senti o peso de estar me tornando uma “mocinha”.

Nunca gostei desse termo. Mocinha. O acho brega demais para ser sincera. Odeio a forma que o usam e o sorriso afetado que aparece no rosto das pessoas sempre que pronunciam essa palavra.

Acredito que mais do que a palavra em si eu odeio o significado que ela carrega.

Meu corpo mudando, sentimentos deprimentes (que quando eu sentia era só por uns 5 minutos até eu esquecer e voltar a brincar) se tornando cada vez mais presentes e duradouros, a desconfiança de ficar perto de homens (às vezes até da minha família), a sensação de responsabilidade e culpa quando algum objetivo não é alcançado, a necessidade de estar sempre perfeita por medo do julgamento dos outros…e por aí vai

A verdade é que crescer é uma droga, e os adultos nunca esconderam isso. Sempre deixaram bem claro com aquelas típicas frases.

“Aproveita enquanto é criança porque o tempo não volta mais”

“Quando você crescer vai querer voltar a ser criança”

Eu sempre achei que só fossem muito dramáticos, quer dizer, não é possível que ser “grande” seja tão ruim assim. Mas a partir do momento que entrei na adolescência e comecei a sentir só o começo de uma vida adulta com responsabilidades de adultos e verdades de adultos, percebi que o que eles falavam na verdade era só um resumo do que realmente é crescer

Porém, por mais que eu gostasse muito de ser criança, o que mais me amedronta é saber que eu não vou ser uma adolescente para sempre. Essa fase, por mais complicada que seja, é a minha preferida. Adoro ter problemas fúteis de adolescente, paixonites bobas por algum garoto bonito da escola ou por um famoso mais velho que eu, a liberdade de poder fazer o que eu quero mas também saber que vai ter alguém cuidando de mim e me ajudando caso aconteça alguma coisa, a escola (por mais que eu odeie admitir). São todos momentos que sei que vou sentir falta futuramente. E saber que esse futuro de saudade não está tão longe quanto eu acreditava estar, me causa ainda mais pânico.

Eu tenho tantos planos, tantas metas, tantas coisas que quero fazer. E tão pouco tempo. Já tenho um futuro detalhadamente planejado em que o principal objeto é ser alguém e dar orgulho para minha mãe. Mas é justamente por eu planejar tanto, que tenho medo de não ser nada

Quando eu era mais nova planejar minha vida sempre foi algo divertido para mim, pensar que faculdade eu iria fazer e que carreira iria seguir. Sempre foram objetivos, em minha percepção, muito fáceis de alcançar. Mas agora, quanto mais perto chega da hora de escolher o que vou fazer mais medo me dá. Falar sobre o meu futuro se tornou torturante justamente por não saber o que vai ser dele. Não tenho certeza de nada quando se trata da minha vida depois da escola. E isso me apavora.

Eu queria ser aquelas garotas que já sabem que passos seguir para chegar aonde quer chegar, que faculdade fazer, saber qual é o trabalho dos sonhos. Mas eu simplesmente não sei.

E sinceramente, não sei se um dia vou saber.

P.S: Usei fotos minhas nesse post porque ele é um pouco mais íntimo.

Dream on, but don't imagine they'll all come true

Vienna - Billy Joel

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Ass: Maju